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sexta-feira, 7 de junho de 2013

CONVIDEI PARA JANTAR ALGUÉM DE OUTRA GERAÇÃO - PARTICIPAÇÃO RECEBIDA POR EMAIL

Naquele dia, olhei a rua. Há muitos dias em que olhamos as coisas e não as vemos, mas há outros em que as coisas que não costumamos ver, parecem chamar-nos. As pessoas mais práticas estão livres deste tipo de pensamentos, as outras deixam-se levar pelo vento que lhe sopra ao ouvido.
A rua estava igual, mas eu achei-a diferente, o cheiro e a disposição dos veículos mudava algo na paisagem mora em frente à minha janela.
De braços apoiados no parapeito, deixei-me levar pelo tempo que não se conta, pelo nada que preenche.
Há dias que são completos, sem que deles possamos contar algum acontecimento, eles são o acontecimento, porque têm o poder de nos fazer reparar no que acontece.
Nesse dia, convidei-me para jantar.
Foi uma decisão bonita e encheu-me de prazer.
Penteei o cabelo, durante o tempo necessário, a devolver-se a leveza, atei-o. Lavei as mãos , coloquei o avental, arredei as cortinas e inspirei na rua, para cozinhar o meu jantar, para o qual eu era convidada.
Decidi fazer uma sopa, a que chamei sopa mágica.
Na realidade toda a comida é mágica, pois que magia maior poderá existir, do que o alimento que proporciona a vida?
 
Ingredientes
Água que baste para a quantidade de sopa pretendida
1 tira de alga kombu de 3cm (não precisa ser demolhada)
2 cogumelos shitake
5 tiras de daikon
1 cenoura
1 cebola
cebolinho
100g de tofu fumado
massa de trigo sarraceno
1 fatia de abóbora 
sal
shoyu
óleo (de boa qualidade)
farinha branca sem fermento
sumo de gengibre
e muita vontade
Confecção
Coloque a água ao lume com a alga, o daikon e o shitake e umas pedrinhas de sal, deixe cozinhar durante 30 minutos; corte em tiras a cenoura e a cebola, adicione ao fim desse tempo; numa taça, coloque 3 colheres de sopa de farinha e um pouco de água das pedras e uma pitada de sal, de modo a obter uma massa sem grande consistência, corte  a abóbora em pedaços finos e passe-a por este polme. Frite em óleo abundante e deixe escorrer em papel, proceda de igual modo com o tofu depois de o cortar em tiras finas.
Ao fim de 10 minutos de ter colocado os vegetais, tempere a sopa com molho de soja, prove, para rectificar o tempero, acrescente 1 colher de chá de sumo de gengibre, (obtém depois de o ralar na parte mais fina do ralador). Apague.
À parte cozinhe a massa (a quantidade depende do numero de pessoas, estas quantidades de vegetais são para 2 pessoas), com água abundante e uma pitada de sal.
 
Prepare a mesa
Massa numa taça
Tofu e abóbora numa taça
Cebolinho picado numa taça
Taça para a sopa
Sopa numa terrina.
Coloque a massa no fundo da sua taça, acrescente a base liquida com os vegetais, umas tiras de tofu e abóbora e termine com o cebolinho.
 
Esta sopa trará as memórias do tempo que você precisar recordar. Feita de um caldo mágico que transporta nutrientes à semelhança do mar. Irá integrar e banhar as suas células e você sentir-se-á a mergulhar pelo seu interior.
Adorei jantar comigo, adorei conhecer este passeio pelo meu mar e ser o mergulhador da minha vida.
Se terá o mesmo efeito consigo, só saberemos depois de experimentar.
Um abraço mágico
Natália Rodrigues Porto

1 comentário:

  1. Para quem não sabe, a Natália é professora de culinária do Instituto Macrobiótico Português e foi com ela que eu aprendi a cozinhar culinária macrobiótica. Na minha (nossa, cá de casa) vida há um "antes" e um "depois" da Natália e o depois não se saboreia apenas só nos pratos que cozinho - "sente-se" e "vê-se". Sinto, por isso, uma enorme dívida de gratidão para com a Natália e a participação tão original da Natália neste passatempo é para mim um motivo de enorme orgulho!
    Obrigada minha querida Natália

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